Se há um momento chave na carreira de uma banda, é o segundo cd. É assim porque trás o peso de um primeiro trabalho que em teoria deve ser igualado ou até superado. Isto acontece em teoria, porque para os Killers superarem Hot Fuss não se afigurava uma tarefa nada fácil. Não se pode dizer que Sam's Town seja um mau álbum, nada em si é mau, mas é muito mais fraco que Hot Fuss, e por isso mesmo é em parte uma derrota para a banda. Mas vejamos a coisa como deve ser. Este é um cd que pretende ser mais rock, mais pesado, e consegue-o, mas a herança electrónica do 1º cd existe, e isso compromete algumas das músicas que tinham tudo para dar certo. Exemplo disso mesmo é Bones, que até é single com vídeo realizado por Tim Burton, mas que a certa altura exagera nesses arranjos mais electrónicos. E como Bones ainda há Bling(Confessions of a King). Mas claro que nem tudo é mau, e Sam's Town tem um belo conjunto de canções capaz de figurar no melhor que os Killers irão fazer na sua carreira. São músicas como a viciante When You Where Young, que é um single perfeito, The River is Wild, que é um musicão, Sam's Town e Why do I Keep Counting. Quanto ao resto, passa indiferente. Por isto tudo, este é um bastardo dos Killers que fizeram Hot Fuss (talvez por terem deixado crescer as barbas... Quem sabe?), mas não é má rês, é apenas fraquito.
Já agora, só para dizer que a melhor música do cd é a faixa bónus, Where the White Boys Dance, é a melhor música do cd. É toda ela simples, e isso diz tudo.
O John Mayer não é própriamente um rapaz com quem simpatizasse muito. Sempre o respeitei porque vejo nele, como antes via, uma postura de artista. Não sendo demasiado alternativo, também se recusa a ser demasiado comercial. O que me chateava nele é que não perdia a pinta de miúdo tímido que ainda lutava por um lugar ao sol. Um puto com jeito para a coisa, mas a quem faltava passar para o público alguma self-confidence. Com "Continuum" um John Mayer mais maduro finalmente aparece. O que me levou a ouvir o album foi o single "Waiting On The World To Change" pois o som desta música fez-me pensar que podia ser interessante ouvir o resto. E foi. O album é coeso, maduro, lento (no geral) e com excelentes faixas. As influências rockeiras de Mayer são reveladas com a cover de Jimi Hendrix "Bold As Love", e os vários solos de guitarra são muito a puxar para o blues. A afirmação de Mayer como guitarrista capaz dos seus momentos de rasgo é totalmente conseguida em "In Repair". E as letras continuam com o peso que Mayer já tinha dado nos trabalhos anteriores, muito. Quem gostava de John Mayer tem aqui o melhor trabalho dele até ao momento, quem não gostava pode voltar a tentar ouvi-lo pois "Continuum" merece ser ouvido. Das 12 faixas do album destaco as seguintes: "Waiting On The World To Change", "Gravity", "Bold As Love", "Dreaming With A Broken Heart" e "In Repair".
Como sabem as visitas que o blog ia tendo eram apresentadas numa pequena pauta por baixo dos arquivos. Podem constatar agora que essa pauta não se encontra por lá. Acontece que o site onde fui buscar o contador parece estar com problemas e já explicou que os contadores podem não aparecer nos sites por um breve período de tempo. Podia colocar outro contador, mas aquele de facto era muito apropriado por isso vamos esperar. Caso o problema não se resolva rapidamente colocar-se-á um novo contador então. Para aqueles que andam a reclamar, informo que há post para breve.
Os The Raconteurs definem-se a eles próprios como um conjunto de amigos que se juntou para fazer música, e a ideia que se tira deste cd não pode ser outra a não ser essa. São os melhores 40 minutos de música que ouvi nos últimos tempos, e esse é exactamente o único grande problema deste cd: é criminosamente curto. Mas, esse defeito tem um condão, deixa qualquer um que o oiça sedento por mais. Estas 10 músicas são do mais puro e brilhante rock que já ouvi. Soam melodiasos, com tudo no sítio, com letras decentes, com uma guitarra viciante, uma bateria que me faz bater o pé. Que dizer das músicas? Bem, há de tudo, deste loucas correrias à mais absoluta calma. Qualquer das 10 músicas podiam dar um bom single, mas até agora só foram soltas no mercado Steady as she Goes, Hands e Broken Boy Soldier (ep). Mas não vamos que há parentes pobres, nem nada que se pareça. Saindo do tema dos singles, continuamos com faixas bem sonantes, como Level, Store Bought Bones, a grande balada Together, Yellow Sun, Caal it a Day e Blue Veins. A únisca música que não me diz muito é Intimate Secretary, talvez por ter "rockalhada" a mais, ainda não percebi o porquê. De qualquer das maneiras, este é um grande cd, o primeiro que aqui classifico de obrigatório (já podia ter considerado outros) de tão bom que é. Sim, estou apaixonado pelos Raconteurs.
A David Bowie. Faz 60 anos o autor de canções como Changes, Let's Dance, Space Oddity, Heroes, Life on Mars, The Man Who Sold the World, entre muitas outras, passa hoje à classe dos sexagenáreos. Como todos sabem, Bowie é daquelas figuras que marcaram a cultura pop, não só pela sua imagem mas também pela sua imagem que tanto cultivou ao longo da sua carreira. Ficou conhecido como o camaleão, no guarda-roupa e naquilo que cantava, dançando a sua voz entre a folk e novas experiências ligadas ao rock n' roll, que a brilhante geração de 60 deixou no mundo. O seu nome surge ao menos tempo que Lou Reed, Bob Dylan, Rolling Stones, tudo nomes muito sonantes e ainda mais marcantes. Em jeito de comemoração à data, aqui fica o vídeo de Space Oddity:
É recorrente esquecermo-nos da nossa música quando há um turbilhão de coisas novas a aparecer dos sítios mais distintos do planeta. É igualmente recorrente a insatisfação musical em que nos encontramos muitas vezes, talvez por estarmos num país pequeno que tem um mercado que não consegue sustentar tantos assim. Eu penso nisto tudo, como certamente muitos de vós pensam. Mas algo me faz não torcer o nariz ao que temos em Portugal apesar de todas as contrapartidas... Na verdade até é mais do que isso. Resolvi ouvir a recente compilação dos The Gift. Chamar-lhe compilação é na verdade diminuir, e muito, este trabalho. Para quem não sabe, "Fácil de Entender" foi gravado ao vivo em Londres em duas noites de concerto à porta aberta num prédio que foi usado como estúdio. Toda a ideia e layout, bem como as decorações e o próprio vestido da Sónia foram ideias da banda. Este trabalho conta com todos os temas conhecidos dos apreciadores de The Gift mais 3 temas originais. O primeiro cd corresponde ao concerto mais calmo o segundo ao mais ritmado. A verdade é que senti um orgulho enorme enquanto ouvia os dois cd's que compõem a coletânea. Orgulho nos The Gift, orgulho naquela música, orgulho na envolvência ali criada que muitos procuram e poucos encontram. Porque fazer um duplo cd de temas já editados parece ser a razão menor daquelas duas noites. Porque ali se conseguiu tornar negócio duma compilação em arte em vez de transformar a arte (música) já editada num negócio. O que me move em relação à música feita em Portugal é o entendimento do que a música é para algumas bandas. Os The Gift mostraram o que para eles é a música, e isso é Fácil de Entender.
Art is manipulation, Manipulation is art, You are not immune, Vote for Frank Zappa.............................. - Because the music that they constantly play It says nothing to me about my life -